sexta-feira, 17 de maio de 2013

Problemas gerais de língua culta...

Problemas Gerais de Língua Culta

Nesta aula, a intenção é fixar a forma certa de algumas palavras e expressões que sempre trazem dificuldades para o brasileiro em geral.
Emprego de algumas palavras e expressões semelhantes:

1. Mas e Mais:
  • Mas é uma conjunção adversativa, de mesmo valor que "porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto".
  • Mais é um advérbio de intensidade, mas também pode dar idéia de adição, acréscimo; tem sentido oposto a menos.
Ex.:      Eu iria ao cinema, mas (porém) não tenho dinheiro.
Ela é a mais (menos) bonita da escola.

2. Onde, Aonde e Donde:
  • Onde significa "em que lugar".
  • Aonde significa "a que lugar".
  • Donde significa "de que lugar".
Ex.:      Onde (em que lugar) você colocou minha carteira?
                 Aonde (a que lugar) você vai, menina?
                Donde (de que lugar) tu vieste?

3. Mal e Mau
  • Mal é advérbio, antônimo de "bem".
  • Mau é adjetivo, antônimo de "bom"
Ex. Ele é um homem mau (não é bom); só pratica o mal (e não o bem).
  • Mal também é substantivo, podendo significar "doença, moléstia, aquilo que é prejudicial ou nocivo" Ex.: O mal da sociedade moderna é a violência urbana.
4. A par e Ao par:
  • A par é usado, no sentido de "estar bem informado", ter conhecimento".
  • Ao par só é usado para indicar equivalência entre valores cambiais.
Ex.:      Estou a par de todos os acontecimentos.
O real está ao par do dólar.

5. Ao encontro de e De encontro a:
  • Ao encontro de indica "ser favorável a", "ter posição convergente" ou "aproximar-se de".
  • De encontro a indica oposição, choque, colisão.
Ex.: Suas ideias vêm ao encontro das minhas, mas suas ações vão de encontro ao nosso acordo. (Suas ideias são tais quais as minhas, mas suas ações são contrárias ao nosso acordo)

6. Há e A na expressão de tempo:
  • é usado para indicar tempo passado.
  • A é usado para indicar tempo futuro.
Ex.:      Ele partiu duas semanas.
Estamos a dois dias das eleições.

7. Acerca de, A cerca de e Há cerca de:
  • Acerca de é locução prepositiva equivalente a "sobre, a respeito de".
  • A cerca de indica aproximação.
  • Há cerca de indica tempo decorrido.
Ex.:      Estávamos falando acerca de política.
Moro a cerca de 2 Km daqui.
Estamos rompidos há cerca de dois meses.

8. Afim e A fim de:
  • Afim é adjetivo equivalente a "igual, semelhante".
  • A fim de é locução prepositiva que indica finalidade.
Ex.:      Nós temos vontades afins.
Ela veio a fim de estudar seriamente.

9. Senão e Se não:
  • Senão significa "caso contrário, a não ser".
  • Se não ocorre em orações subordinadas adverbiais condicionais; equivale a "caso não".
Ex.:      Nada fazia senão reclamar.
Estude bastante, senão não sairá sábado à noite.
Se não estudar, não sairá sábado à noite.

10. Nós viemos e Nós vimos:
  • Nós viemos é o verbo vir no pretérito perfeito do indicativo, ou seja, no passado.
  • Nós vimos é o verbo vir no presente do indicativo.
Ex.:      Ontem, nós viemos procurá-lo, mas você não estava.
Nós vimos aqui, agora, para conversar sobre nossos problemas.

11. Torcer por e Torcer para:
  • Torcer por, pois o verbo torcer exige esta preposição.
  • Torcer para é usado, quando houver indicação de finalidade, equivalente a "para que", "a fim de que".
Ex.:      Torço pelo Santos.
            Torço para que o Santos seja o campeão.

12. Desencargo e Descargo:
  • Desencargo significa "desobrigação de um encargo, de um trabalho, de uma responsabilidade".
  • Descargo significa "alívio".
Ex.:      Filho que se forma é mais um desencargo de família para o pai.
Devolvi o dinheiro por descargo de consciência.

13. Sentar-se na mesa e Sentar-se à mesa:
  • Sentar-se na mesa significa sentar-se sobre a mesa.
  • Sentar-se à mesa significa sentar-se defronte à mesa. O mesmo ocorre com "estar ao computador, ao telefone, ao portão, à janela ...
Ex.:      Sentei-me ao computador para trabalhar.
Sentei-me na mesa, pois não encontrei cadeira alguma.

14. Ao invés de e Em vez de:
  • Ao invés de indica "oposição, situação contrária".
  • Em vez de indica "substituição, simples troca".
Ex.:      Em vez de ir ao cinema, fui ao teatro.
Descemos, ao invés de subir.

15. Estadia e Estada:
  • Estadia é usado para veículos em geral.
  • Estada é usado para pessoas.
Ex.:      Foi curta minha estada na cidade.
Paguei a estadia de meu automóvel.

16. A domicílio e Em domicílio:
  • A domicílio só se usa quando dá idéia de movimento.
  • Em domicílio se usa sem idéia de movimento.
Ex.:      Enviarei a domicílio seus documentos.
Fazemos entregas em domicílio
Levaram a domicílio as compras.
Damos aulas particulares em domicílio.

17. Despercebido e Desapercebido:
  • Despercebido significa "sem atenção".
  • Desapercebido significa "desprovido, desprevenido".
Ex.:      O fato passou-me totalmente despercebido.
Ele estava desapercebido de dinheiro
  
18. Como indicar as horas, em português:

  • Em se tratando da abreviação de “horas”, essa deve ser com letra minúscula. Perceba alguns exemplos:
A apresentação terá início às 14h. Portanto, nunca use “às 14H”.
A viagem está marcada para às 23h. Não “às 23H”.

Como pôde perceber, a abreviatura foi expressa no singular, sendo assim, não é conveniente acrescentar-lhe um “s”. Portanto, note: 23h; 8h; 13h...

  • Sempre quando nos referirmos à duração, o correto é escrevermos “horas” por extenso. Constate alguns exemplos:
A discussão permaneceu inalterada durante duas horas.
Eles se reuniram durante três horas.

  • Na indicação de hora exata não há necessidade do emprego dos dois “00”, referindo-se a minutos, ou seja: “8:00h”. Nesse caso, devemos utilizar somente “8h”.

  • Em se tratando de minutos, devemos optar pelas formas evidenciadas a seguir:

Chegamos às 20h30min, ou simplesmente 20h30.
Sairemos às 13h50min, ou até mesmo 13h50.

19. Perca ou Perda?

Não existe o substantivo “Perca”. O substantivo neste caso é “Perda”:
  • Perda de mercadoria
  • Perda de peso
  • Perda financeira
  • Perda de cabelo
Perca existe somente como verbo “perder” no imperativo:
  • Por favor, não perca a hora amanhã.
  • Não perca mais dinheiro, se não ficaremos pobres.
  • Não se perca de mim.

20. Menos ou Menas?

Menos é um advérbio, portanto, invariável. Assim, sempre devemos usar “menos” no masculino e no plural:
  • menos coisas
  • menos dinheiro
  • menos vantagens
  • menos comida
21. Meio ou Meia?

Como advérbio, meio é invariável e deve ser utilizado no masculino e no singular, mesmo quando o sujeito é feminino ou está no plural:
  • meio atrasada
  • meio aberta
  • meio fechada
  • aquelas janelas estão meio sujas
  • aquelas moças andam meio devagar
  • elas são meio egoístas

22. Anexo ou Anexa?

O termo “anexo” é um adjetivo e, como tal, é totalmente variável, concordando, em gênero e número, com o substantivo ao qual se refere.
Exemplos:
Segue anexo o relatório.
Seguem anexos os relatórios.
Segue anexa a duplicata.
Seguem anexas as duplicatas.

23. Obrigado ou Obrigada?


Homem diz “obrigado”; mulher, “obrigada”.

Seguem a mesma lógica outras formas de agradecimento, como “grato” e “agradecido”.

Um homem, portanto, diz “grato” ou “agradecido”; uma mulher, “grata” ou “agradecida”.

Observação:  Não seja contaminado pelo comodismo fonético que leva muitos a dizer "brigado". A palavra é "obrigado", com "o" no início.

24. Janta ou Jantar?

Certo: "O jantar está na mesa!"
Errado: "A janta está na mesa"

Falamos ou escrevemos janta quando estamos utilizando a 3ª pessoa do presente do indicativo (EU janto; TU jantas, ELE/ELA janta, NÓS jantamos, ELES/ELAS jantam, VOCÊS jantam).
Ex.:      "Chico janta todos os dias com a sua família"
"Ele sempre janta macarrão com molho de tomate"

25. Fulano, Sicrano, Beltrano...

O correto não é "siclano", mas sicrano, por mais que soe estranho aos ouvidos ou pareça errado.
Ex.:      Não foi o Fulano quem fez isso; foi o Sicrano...

O correto é sicrano, com R mesmo; essa palavra, de origem popular, significa em geral a segunda pessoa de uma tríade (Fulano, Sicrano e Beltrano).

26. Meses do ano...

O nome dos meses do ano deve ser escrito com a letra inicial minúscula e não maiúscula. As únicas exceções referem-se a início de frase ou quando servir como nome próprio. Isso é comum em logradouros públicos, por exemplo: "Rua 25 de Março", "24 de Maio", etc. Na colocação de datas em correspondências ou em qualquer outro meio de comunicação, deve-se utilizar sempre minúsculas.

27. Shampoo ou Xampu?

Forma inglesa: SHAMPOO
Forma aportuguesada: XAMPU

28. Para eu ou Para mim?



É ai que entrava a professora e falava: “Quem faz sou EU, porque quem diz MIM faz é índio”. Testemos como fica horrível usar o MIM, substituindo nos exemplos acima:

Então, não use MIM para conjugar verbos. É só se acostumar que não se erra mais.
Incluído depois:
1.DICA: MIM não conjuga verbo. Notem como aprendemos a conjugar verbos: EU, TU (que é o VOCÊ), ELE, NÓS, VÓS e ELES. Viram? Não tem nenhum MIM, pois o MIM é passivo, MIM é um “cara” preguiçoso, ele não faz nada, só recebe (veja que o verbo vem sempre ANTES de MIM):
  • veio a MIM.
  • faça pra MIM.
  • traga pra MIM.
Quem faz sou EU (ou seja, se o verbo vem depois, determinando uma ação, é sempre EU):
  • … pra EU fazer…
  • … pra EU entregar…
Portanto, risque o MIM de suas frases que sejam seguidas por um verbo no infinitivo.

 2. Entre EU e ELE – ou – MIM e ELE? Quando tiver que usar numa frase assim:
  • Isso já está mais do que discutido entre ?? e ELE.
Utilize MIM, pois o EU é utilizado junto com um verbo, que vem na sequência, o que não ocorre aquiAlém disso, o uso de preposição antes (no caso o “ENTRE” – ver mais no item 3) exige o uso do MIM.
  • Então sua frase ficará: Isso já está mais do que discutido entre MIM e ELE.
 3. NO FINAL DE FRASE / DEPOIS DE PREPOSIÇÃO - o EU é sempre sujeito, então nunca use EU depois de preposição (PARA, DE, POR, A). Isso geralmente acontece no final das frases, mas pode também ocorrer em outras partes:
  • Isso já foi entregue para MIM.
  • Para MIM isso é fato consumado.
  • Não deixarei tirarem isso de MIM.
  • Por MIM seriam todos condenados.
  • Vinde a MIM todas as criancinhas…
Perceba que em todos os exemplos o MIM não é o sujeito executor da ação (não vem antes do verbo, “fazendo” algo, onde se exige o EU). Em alguns casos até podemos ver o verbo aparecer logo depois, mas basta invertermos a frase para notarmos que o MIM não está executando a ação determinada no verbo:
  • Para MIM, resolver estes problemas é coisa simples.
  • Resolver estes problemas é coisa simples para MIM.
  • = aqui ainda podemos aplicar a regra de que não se usa EU depois de preposições (no caso o PARA).
Entretanto não se “iluda” com a preposição antes. Quando existe uma ação (verbo depois), usa-se, como explicado no começo desse post, o EU:
  • Me dê o microfone para EU CANTAR.
  • = está “fazendo” alguma coisa = CANTANDO = EU. Só usaria o MIM, no caso de não existir a ação:
  • Dê o microfone para MIM, vou cantar.
4. Antes de NÃO – usar MIM ou ELE? Quando tiver que usar numa frase com a negativa entre o sujeito e o verbo, usa-se o EU, pois continua existindo uma ação (na verdade, só se diz que a ação NÃO irá ocorrer, mas se está conjugando o verbo).
Ou seja, você deve escrever:
  • Para EU não errar.
  • (NUNCA: Para MIM errar.)
E ai, deu para entender? Você acha que agora não erra mais ou esse não é um problema para você?

12 comentários: